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Por Karol Assunção, da Adital
Entre os dias 25 e 27 de agosto, a cidade de Itaituba, no Pará, região Norte do Brasil, reunirá centenas de ribeirinhos, indígenas, quilombolas, pescadores tradicionais e agricultores familiares para o I Encontro Inter-Regional de Povos e Comunidades Atingidas e Ameaçadas por grandes projetos de infraestrutura nas bacias dos rios da Amazônia.
De acordo com padre Edilberto Sena, membro da Frente em Defesa da Amazônia (FDA), o encontro será um momento de fortalecimento da defesa da região amazônica e de resistência às obras do Governo Federal. "Vamos resistir ao plano perverso do Governo Lula [Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil], que faz o jogo das grandes empresas", comenta.
A expectativa é que cerca de 500 moradores das bacias dos rios Madeira, Teles Pires, Tapajós e Xingu participem do evento, que já será uma preparação para o V Fórum Social Pan-Amazônico, marcado para acontecer em novembro na cidade de Santarém, no Pará. Para padre Edilberto, o encontro também será um momento de articulação dos diversos movimentos contra as hidroelétricas na região. "O evento é fruto do Fórum Social Mundial de Belém [do ano passado] e será a formalização da Aliança Amazônica", afirma.
Durante os três dias, os participantes discutirão ações de resistência aos grandes projetos desenvolvimentistas, realizarão debates e promoverão manifestações contra as hidroelétricas na região. Entre as mobilizações, destaca-se a "Caminhada em Defesa da Vida e contra a Construção de Hidroelétricas na Amazônia", que sairá às 14h do Parque de Exposição de Itaituba e percorrerá as principais ruas da cidade.
Padre Edilberto mostra-se preocupado com o projeto do Governo Federal para a região amazônica. "O Governo está estraçalhando a Amazônia", indigna-se. De acordo com ele, há projetos previstos ou em andamento em todas as quatro bacias destacadas no Encontro.
Na bacia do rio Tapajós, por exemplo, já está em fase de estudo a construção de cinco hidroelétricas que afetará os estados Pará e do Amazonas. De acordo com o integrante do FDA, a previsão é inundar 730 km2 e construir um paredão de 36 metros de altura em São Luiz do Tapajós. "São terras de preservação, terras indígenas", acrescenta.
Além do impacto ambiental, padre Edilberto ainda alerta para os efeitos sociais e econômicos para as comunidades afetadas. Segundo ele, as obras expulsarão os moradores da localidade e a energia gerada ainda não será para o povo da região. "Itaituba, Santarém, Belterra e proximidades já têm energia vinda de Tucurí", afirma, denunciando que tais hidroelétricas serão para servir grandes empresas mineradoras que atuam na região.
Em Teles Pires, no Mato Grosso, conforme informações do integrante da Frente de Defesa da Amazônia, o plano é construir três hidrelétricas médias. No Rio Xingu, no Pará, a discussão gira em torno da construção da usina de Belo Monte, que está na fase de consórcio. Já no Complexo do Rio Madeira, em Rondônia, as obras de Santo Antonio e Jirau já começaram.
(Envolverde/Adital)
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