domingo, 23 de janeiro de 2011
TESTE
http://www.oeco.com.br/images/stories/jan2011/Anima%C3%A7%C3%A3o%2011%20e%2012%20jan.gifhttp://www.oeco.com.br/images/stories/jan2011/Anima%C3%A7%C3%A3o%2011%20e%2012%20jan.gif
REGIÃO SERRANA DO RIO - Imagens mostram dimensão das chuvas

As mudanças climáticas empurradas pela devastação humana onde todos somos culpados e a ocupação desordenada de áreas de risco promoveram a maior tragédia no Brasil e uma das maiores do mundo no início deste mês de Janeiro/2011. Para termos uma idéia da dimensão da catástrofe, o evento foi o 8º maior em todo o mundo segundo a ONU.
O homem está assassinando o planeta e o próprio ser humano está pagando a conta. Consumismo, alimentação à base de carne, descarte e manipulação inadequada do lixo, maus hábitos dentro do lar... a lista poderia agregar muito mais elementos mas já dá para termos uma idéia do que estamos fazendo com o nosso planeta e com o nosso semelhante.
Até quando mais vidas terão que ser perdidas para que possamos mudar nossa forma de pensar, nossos hábitos de vida, nossos costumes alimentares, etc.?
Que possamos refletir sobre o nosso futuro.
Sylas Motta
Reportagem OECO
http://www.oeco.com.br/reportagens/24712-chuvas-de-2011-superam-media-
As chuvas que causaram centenas de vítimas na região serrana do Rio de Janeiro caíram em quantidade bem maior às que foram registradas no mesmo período do ano passado. De acordo com informações do INPE, a média de precipitações registrada no país entre o 01 de janeiro e dia 12 janeiro de 2010 para todo país foi 77,6 mm , enquanto que neste ano a média para os primeiros 12 dias do ano foi de 98 mm. Veja as imagens abaixo fornecidas pelo CPTEC do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.


As piores precipitações na região onde estão as cidades de Teresópolis, Petropólis e Nova Friburgo ocorreram na noite da terça (dia 11) e na madrugada de quarta feira (12 de janeiro). Segundo informações da Defesa Civil mais de 360 pessoas morreram em decorrência de deslizamentos e trombas da água nestas localidades. A imagem abaixo é uma animação feitas com imagens de satélite entre as 22:30 do dia 11 até às 6:30 da manhã do dia seguinte. Note a concentração de nuvens sobre o estado do Rio de Janeiro.

A Groelândia está virando água

O degelo na Groenlândia bateu o seu recorde em 2010. Este é o principal resumo de um estudo realizado pelo Laboratório de Processos da Criosfera na City College of New York (CCNY – CUNY, em inglês), que avalia as variáveis capazes de afetar o derretimento. A resposta para o fenômeno é simples: no último ano, o gelo começou a se transformar em água no final de abril e apenas parou no meio de setembro, configurando um início adiantado e término tardio. Ao todo, o foram 50 dias a mais do que o usual.
Patrocinado pelo WWF, Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NSF, na sigla em inglês) e NASA, o documento mostra que as temperaturas no verão subiram três graus acima da média na região, além do fato de que nevou menos. Nuuk, a capital da Groenlândia, não passava por um verão e primavera tão quentes desde 1873. O gráfico ao lado mostra o aquecimento anormal do continente gelado.
Um outro problema, de acordo com o dr. Marco Tedesco, chefe do grupo de cientistas a frente da pesquisa, foi a maior exposição do gelo nu, muito mais negro do que a neve e capaz de absorver maiores quantidades de raios solares. Ou seja, ele esquenta, derrete e vai em direção ao mar. Os resultados foram descobertos após análises das temperaturas na superfície das camadas de gelo com auxílio de dados de satélites.

Para o doutor Martin Sommerkorn, especialista em clima do WWF, o aumento do nível do mar será assustador no fim do século. “A expectativa é que chegue até um metro em 2100, muito em função do degelo. E não vai parar por aí – quando mais tempo levarmos para mitigar a produção de gases do efeito estufa, teremos mais degelo e aumento do nível das águas”. (Felipe Lobo)
Degelo crescente no Mar Ártico
O NSIDC (Centro Nacional de Informações sobre Gelo e Neve), ligado à Universidade de Boulder (Colorado, EUA), reportou o final da influência do verão sobre o gelo do mar Ártico no último dia 7 de Setembro. A extensão do gelo na região é a terceira menor já registrada. Apenas 2007 e 2008 apresentaram cobertura menor.
A cobertura média de gelo para o meio de agosto foi a segunda menor nos registros de 2010 e, de acordo com estudos, o degelo segue aumentando em uma taxa de 8,9% por década.

Temperaturas anormalmente quentes, ventos persistentes e desintegração de gelo fino são fatores influentes na rápida perda de gelo em um período relativamente curto, principalmente nos mares de Chukchi e Beaufort. Já no começo de setembro esses mares já tiveram sua cobertura de gelo muito retraída da costa, muito mais do que o observado em períodos anteriores, como de 1979-2000. A retração do gelo força diversas espécies, como as morsas, a transportarem-se para o continente, na costa do Alaska. (Laura Alves)
A linha laranja deste gráfico mostra a média entre 1979 e 200 da extensão do gelo no mar Ártico. A região branca é a cobertura registrada em 6 de setembro, período em que a influência do verão no hemisfério norte foi registrada.Detalhe para a grande área de degelo nos mares de Chukchi e Beaufort no canto esquerdo da imagem, no norte do Alaska. Fonte: NSIDC.

A imagem do satélite MODIS da NASA's, de 25 de agosto de 2010, mostra a baixa concentração de gelo em mar aberto e no mar de Beaufort, região na qual eram observadas grandes extensões de gelo fino no ano passado.

Imagens de satélite dos dias 28 de julho e 10 de agosto mostram a quebra de um bloco de 15 km de comprimento do glaciar Petermann, no norte da Groelândia. Fonte: MODIS/NASA.


As temperaturas do ar foram maiores do que o normal ao longo de Baffin Island, na baía Hudson, e da Sibéria Oriental para o mês de dezembro, que foi associado a medida de baixo do gelo do mar nessas áreas. O padrão de temperatura resultou de uma fase negativa da Oscilação do Ártico.

Para saber mais: www.http://nsidc.org/arcticseaicenews/
Fonte: http://www.oeco.com.br/multimidia/geonoticias/24737-groelandia-esta-virando-agua
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
O preço de não escutar a natureza

Por Leonardo Boff*
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais.
O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que distribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco, pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação, nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.
*Leonardo Boff é filósofo e teólogo.
(Envolverde/Brasil de Fato)
A Tragédia Das Águas
artigo de Maria Lindgren
Publicado em janeiro 19, 2011 por HC
[EcoDebate] O verão, esta época danada para quem mora em país tropical, chegou com ar estranho. Força menor de calor do que no final da primavera e chuva. Em plenas festas de fim de ano, o receio de chuvarada, raios e trovões sondava o ambiente. A chegada do Menino-Deus, causadora sem nenhuma culpa de desvarios das classes medias, venceu as ameaças das nuvens. O Réveillon de Copacabana, ameaçado de ter seus fogos de artifício conspurcados, saiu melhor do que a encomenda. A igreja da Penha se iluminou e encheu de piedosos, agradecidos pela paz no bairro e adjacências. Uma alegria.
Mas, o mês de janeiro, obedecendo aos comandos de nossa impiedosa mãe-natureza, logo que acabou a farra quase obrigatória de muitos, mostrou que não se brinca impunemente com o tempo: nossa bela Região Serrana, logo no dia 11, foi literalmente inundada. Verdadeiro tsunami de água doce.
A televisão, sempre cheia de cócegas para contar tragédia, não se contentara com as imagens aflitivas das cheias do rio Tietê e outros de São Paulo, de triste celebridade, devido ás águas superabundantes das enchentes. Mal deixara de lado as vozes, os tiros e outros ruídos beligerantes do afamado local de traficantes de drogas do Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão, “pacificado” a ferro e fogo pelas Forças Armadas brasileiras, fixou suas câmeras e seus comentários em outras paragens, episódios trágicos costumeiros, no próprio estado que a sedia. Um assassinato aqui, um transbordamento de gente nas cadeias ali, um assalto a transeunte ou acidente do trânsito acolá… E deu-se a repetição dos borbotões de chuva a arras ar a bela Região Serrana, como o havia feito com a não menos bela região praiana de Angra dos Reis, em 2010, e com Niterói, não tão bela assim.
Mais uma vez, um absurdo de avalanches despencou dos morros, fez transbordar os poéticos “ rios de minha aldeia”, como dizia Fernando Pessoa, invadiu casas de pobre e de rico. Porque aqui no nosso estado não escaparam as mansões, construídas sem a inspeção cautelosa do solo como qualquer casebre de pobres. Dizem que algumas residências foram feitas por cima de um charco em Itaipava, Petrópolis, do mesmo modo que os mais necessitados no lixão de Niterói. Não sei.
Os comentaristas das universidades, de plantão imediato nessas horas sofridas, inundaram os canais de comentários sabidos sobre o que deveria ter sido feito e não o foi.
- O desconhecimento do terreno onde se constroi é uma das piores causas.
- As margens dos rios, desmatadas sem a inspeção necessária, some com os anteparos para a força das águas.
- Os monturos de lixo, jogados a esmo pela população mal-educada, causam obstrução dos bueiros e outras vias de escoamento nas cidades.
– A necessidade de moradia para os pobres não os faz cautelosos com seus locais de construção de casas e o fazem em zonas de risco.
- As prefeituras não dão contam dos serviços de prevenção às enchentes, não me perguntem por que. (Aqui os entrevistadores do partido no poder fazem o possível para não culpar os governos; um ou outro deixa escapar uma queixa.)
E tome de enxurrada e tome de horror, de gente morta e de feridos. Para desespero da gente que perdeu tudo e, muitas vezes, toda a família. E para o nosso, telespectadores-cidadãos, por nos sentirmos sem armas para livrar-nos de tudo isso.
Até quando, Deus Meu!!!!!!!
Maria Lindgren é escritora, ex-professora e educadora do Estado do Rio de Janeiro
EcoDebate, 19/01/2011
Publicado em janeiro 19, 2011 por HC
[EcoDebate] O verão, esta época danada para quem mora em país tropical, chegou com ar estranho. Força menor de calor do que no final da primavera e chuva. Em plenas festas de fim de ano, o receio de chuvarada, raios e trovões sondava o ambiente. A chegada do Menino-Deus, causadora sem nenhuma culpa de desvarios das classes medias, venceu as ameaças das nuvens. O Réveillon de Copacabana, ameaçado de ter seus fogos de artifício conspurcados, saiu melhor do que a encomenda. A igreja da Penha se iluminou e encheu de piedosos, agradecidos pela paz no bairro e adjacências. Uma alegria.
Mas, o mês de janeiro, obedecendo aos comandos de nossa impiedosa mãe-natureza, logo que acabou a farra quase obrigatória de muitos, mostrou que não se brinca impunemente com o tempo: nossa bela Região Serrana, logo no dia 11, foi literalmente inundada. Verdadeiro tsunami de água doce.
A televisão, sempre cheia de cócegas para contar tragédia, não se contentara com as imagens aflitivas das cheias do rio Tietê e outros de São Paulo, de triste celebridade, devido ás águas superabundantes das enchentes. Mal deixara de lado as vozes, os tiros e outros ruídos beligerantes do afamado local de traficantes de drogas do Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão, “pacificado” a ferro e fogo pelas Forças Armadas brasileiras, fixou suas câmeras e seus comentários em outras paragens, episódios trágicos costumeiros, no próprio estado que a sedia. Um assassinato aqui, um transbordamento de gente nas cadeias ali, um assalto a transeunte ou acidente do trânsito acolá… E deu-se a repetição dos borbotões de chuva a arras ar a bela Região Serrana, como o havia feito com a não menos bela região praiana de Angra dos Reis, em 2010, e com Niterói, não tão bela assim.
Mais uma vez, um absurdo de avalanches despencou dos morros, fez transbordar os poéticos “ rios de minha aldeia”, como dizia Fernando Pessoa, invadiu casas de pobre e de rico. Porque aqui no nosso estado não escaparam as mansões, construídas sem a inspeção cautelosa do solo como qualquer casebre de pobres. Dizem que algumas residências foram feitas por cima de um charco em Itaipava, Petrópolis, do mesmo modo que os mais necessitados no lixão de Niterói. Não sei.
Os comentaristas das universidades, de plantão imediato nessas horas sofridas, inundaram os canais de comentários sabidos sobre o que deveria ter sido feito e não o foi.
- O desconhecimento do terreno onde se constroi é uma das piores causas.
- As margens dos rios, desmatadas sem a inspeção necessária, some com os anteparos para a força das águas.
- Os monturos de lixo, jogados a esmo pela população mal-educada, causam obstrução dos bueiros e outras vias de escoamento nas cidades.
– A necessidade de moradia para os pobres não os faz cautelosos com seus locais de construção de casas e o fazem em zonas de risco.
- As prefeituras não dão contam dos serviços de prevenção às enchentes, não me perguntem por que. (Aqui os entrevistadores do partido no poder fazem o possível para não culpar os governos; um ou outro deixa escapar uma queixa.)
E tome de enxurrada e tome de horror, de gente morta e de feridos. Para desespero da gente que perdeu tudo e, muitas vezes, toda a família. E para o nosso, telespectadores-cidadãos, por nos sentirmos sem armas para livrar-nos de tudo isso.
Até quando, Deus Meu!!!!!!!
Maria Lindgren é escritora, ex-professora e educadora do Estado do Rio de Janeiro
EcoDebate, 19/01/2011
Conservação Internacional lança publicação que coloca em xeque a necessidade da construção de Belo Monte
thiagobiologo | janeiro 19, 2011 at 8:56 pm | Categories: Notícia Ambiental | URL: http://wp.me/pHNuC-eo
Extraído de Ambiente Brasil
Na iminência da concessão da licença ambiental pelo Ibama da usina de Belo Monte, a Conservação Internacional lança a publicação eletrônica Política Ambiental: A usina de Belo Monte em pauta, na qual jornalistas brasileiros experientes, que atuam em diferentes regiões, entrevistam Philip Fearnside, pesquisador-titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O objetivo da publicação é elucidar os leitores, com base nas perguntas dos jornalistas que refletem os questionamentos de toda a sociedade brasileira, sobre o contexto, as implicações e as controvérsias em torno da construção da usina de Belo Monte, sob os aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Para entrevistar Fearnside, a Conservação Internacional convidou os jornalistas André Trigueiro, da Globo News; Bettina Barros, do jornal Valor Econômico; Herton Escobar, do Estado de S. Paulo; Verena Glass, da ONG Repórter Brasil; Manuel Dutra, professor de jornalismo da Universidade Federal do Pará e da Universidade da Amazônia; Ana Ligia Scachetti, diretora de comunicação da Fundação SOS Mata Atlântica; e Hebert Regis de Oliveira, coordenador de comunicação do Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Oeste da Bahia (Bioeste).
‘Mentira institucionalizada’ – A argumentação científica sólida de Fearnside, um dos cinco pesquisadores brasileiros da área ambiental mais citados internacionalmente e integrante do painel de especialistas que analisou o EIA-Rima de Belo Monte, deixa claro que o projeto analisado pelo Ibama é economicamente inviável.
“O projeto oficial – no qual haverá a construção de apenas uma barragem – mostrou-se totalmente inviável economicamente pela análise detalhada feita pela ONG Conservação Estratégica (CSF, da sigla em inglês). Ou seja, a afirmação de que não serão construídas outras barragens a montante de Belo Monte é uma mentira institucionalizada. A lógica leva à construção de barragens rio acima, começando com a Babaquara/Altamira, que ocuparia 6.140 km2, sendo grande parte em terra indígena”.
Assim como aponta Fearnside na entrevista, a Conservação Internacional (CI-Brasil) acredita que o EIA-Rima realizado pelo Ibama não reflete a realidade dos impactos biológicos e sociais que acontecerão com a construção da usina. A CI-Brasil acredita que o projeto apresentado à sociedade neste momento, além de omitir as barragens a montante que deverão ser necessárias para dar viabilidade econômica à obra, não prevê os impactos da redução dos níveis da água do rio Xingu e do rebaixamento do lençol freático, que podem causar extinção local de espécies, destruição da floresta aluvial e, principalmente, provocar a escassez de pesca, a principal fonte de alimentos para a população indígena da bacia do Xingu, ameaçando a sua sobrevivência.
“A obra terá impactos em um raio de 3 mil km de distância da usina, colocando em risco a segurança alimentar das populações indígenas, o que pode provocar a perda da grande diversidade cultural existente na bacia do Xingu, onde vivem 20 mil índios de 28 etnias que serão direta ou indiretamente afetados”, afirma Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da CI-Brasil.Outros problemas apontados pela Conservação Internacional e por Fearnside são a pouca credibilidade do processo de consultas públicas e de licenciamento da usina, já que todo o corpo técnico do Ibama se posicionou contra a licença. Além disso, a usina alagará cerca de 50% da área urbana de Altamira e mais de mil imóveis rurais de três municípios, num total de 100 mil hectares, sendo que de 20 a 40 mil pessoas serão desalojadas pela obra.
Em Política Ambiental – A usina de Belo Monte em pauta, Fearnside cita uma série de alternativas que poderiam garantir a segurança energética do Brasil para os próximos anos sem a necessidade da construção de Belo Monte. Dentre elas, ele aponta os investimentos em eficiência energética e em fontes limpas de energia, como a solar e a eólica, além de pequenas usinas hidrelétricas como forma de evitar grandes impactos em áreas que, sob os aspectos sociais e ambientais, são inapropriadas para empreendimentos deste porte. (Fonte: Conservação Internacional)
Extraído de Ambiente Brasil
Na iminência da concessão da licença ambiental pelo Ibama da usina de Belo Monte, a Conservação Internacional lança a publicação eletrônica Política Ambiental: A usina de Belo Monte em pauta, na qual jornalistas brasileiros experientes, que atuam em diferentes regiões, entrevistam Philip Fearnside, pesquisador-titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O objetivo da publicação é elucidar os leitores, com base nas perguntas dos jornalistas que refletem os questionamentos de toda a sociedade brasileira, sobre o contexto, as implicações e as controvérsias em torno da construção da usina de Belo Monte, sob os aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Para entrevistar Fearnside, a Conservação Internacional convidou os jornalistas André Trigueiro, da Globo News; Bettina Barros, do jornal Valor Econômico; Herton Escobar, do Estado de S. Paulo; Verena Glass, da ONG Repórter Brasil; Manuel Dutra, professor de jornalismo da Universidade Federal do Pará e da Universidade da Amazônia; Ana Ligia Scachetti, diretora de comunicação da Fundação SOS Mata Atlântica; e Hebert Regis de Oliveira, coordenador de comunicação do Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Oeste da Bahia (Bioeste).
‘Mentira institucionalizada’ – A argumentação científica sólida de Fearnside, um dos cinco pesquisadores brasileiros da área ambiental mais citados internacionalmente e integrante do painel de especialistas que analisou o EIA-Rima de Belo Monte, deixa claro que o projeto analisado pelo Ibama é economicamente inviável.
“O projeto oficial – no qual haverá a construção de apenas uma barragem – mostrou-se totalmente inviável economicamente pela análise detalhada feita pela ONG Conservação Estratégica (CSF, da sigla em inglês). Ou seja, a afirmação de que não serão construídas outras barragens a montante de Belo Monte é uma mentira institucionalizada. A lógica leva à construção de barragens rio acima, começando com a Babaquara/Altamira, que ocuparia 6.140 km2, sendo grande parte em terra indígena”.
Assim como aponta Fearnside na entrevista, a Conservação Internacional (CI-Brasil) acredita que o EIA-Rima realizado pelo Ibama não reflete a realidade dos impactos biológicos e sociais que acontecerão com a construção da usina. A CI-Brasil acredita que o projeto apresentado à sociedade neste momento, além de omitir as barragens a montante que deverão ser necessárias para dar viabilidade econômica à obra, não prevê os impactos da redução dos níveis da água do rio Xingu e do rebaixamento do lençol freático, que podem causar extinção local de espécies, destruição da floresta aluvial e, principalmente, provocar a escassez de pesca, a principal fonte de alimentos para a população indígena da bacia do Xingu, ameaçando a sua sobrevivência.
“A obra terá impactos em um raio de 3 mil km de distância da usina, colocando em risco a segurança alimentar das populações indígenas, o que pode provocar a perda da grande diversidade cultural existente na bacia do Xingu, onde vivem 20 mil índios de 28 etnias que serão direta ou indiretamente afetados”, afirma Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da CI-Brasil.Outros problemas apontados pela Conservação Internacional e por Fearnside são a pouca credibilidade do processo de consultas públicas e de licenciamento da usina, já que todo o corpo técnico do Ibama se posicionou contra a licença. Além disso, a usina alagará cerca de 50% da área urbana de Altamira e mais de mil imóveis rurais de três municípios, num total de 100 mil hectares, sendo que de 20 a 40 mil pessoas serão desalojadas pela obra.
Em Política Ambiental – A usina de Belo Monte em pauta, Fearnside cita uma série de alternativas que poderiam garantir a segurança energética do Brasil para os próximos anos sem a necessidade da construção de Belo Monte. Dentre elas, ele aponta os investimentos em eficiência energética e em fontes limpas de energia, como a solar e a eólica, além de pequenas usinas hidrelétricas como forma de evitar grandes impactos em áreas que, sob os aspectos sociais e ambientais, são inapropriadas para empreendimentos deste porte. (Fonte: Conservação Internacional)
domingo, 12 de dezembro de 2010
A CORRIDA PARA O FUTURO JÁ COMEÇOU!
PONTOS-CHAVE / PÓS-CANCUN
* Os resultados das negociações climáticas da CoP-16 em Cancun representam um grande impulso para a corrida rumo um futuro de baixo carbono. Os governos chegaram a um acordo que dá um espírito otimista ao mundo, e indica que as negociações internacionais podem chegar a acordos vinculantes, justos e ambiciosos para enfrentar as mudanças climáticas. Não aconteceu em Cancun, mas o resultado desta conferência cria uma base promissora para um sucesso na CoP-17, em Durban no ano que vem.
* Parece que finalmente os governos estão reagindo frente ao crescimento do movimento climático e às ações práticas de mais e mais pessoas que estão “colocando a mão na massa”, após o desânimo surgido como conseqüência da falta de resultados em Copenhague, na CoP-15. Os resultados de Cancun refletem os esforços de um grande número de países progressistas, comunidades, empresas e indivíduos em todo o mundo.
* Cancun não conseguiu levar o processo de negociação multilateral até o final. Em vez disso, devemos ainda continuar brigando. Mas a corrida rumo ao futuro já começou. Finalmente a pressão pública pela mudança começou a influenciar as ações políticas nas negociações internacionais. O nosso trabalho é acelerar ainda mais este ritmo, já que o acordo em Cancun deixa importantes perguntas na mesa e precisa ser fortalecido para representar uma resposta positiva com relação às mudanças climáticas.
* Cancun mostrou que a grande maioria dos países está pronta para se comprometer, e que muitos querem contribuir com uma resposta global ambiciosa com relação às mudanças climáticas, que possa ajudar na transição da economia global, gerando benefícios para todos. Graças a eles e à facilitação hábil da Presidência do México, um mandato claro e com substância para trabalhar entre hoje e Durban se tornou uma possibilidade concreta. A confiança entre as Partes para chegar a um acordo, que havia sido perdida em Copenhague, foi re-estabelecida.
* Muito mais é necessário e teria sido possível. Não se pode culpar pelo pouco avanço a UNFCCC (Convenção da ONU na qual se insere a CoP-16), mas sim um grupo de governos que criam obstáculos em qualquer fórum onde o tema é discutido. Países como Japão, Rússia e Estados Unidos mantêm pontos em relação aos quais rejeitam compromissos firmes. É o motivo pelo qual em Cancun não se chegou a um acordo sobre a redução mais profunda de emissões e a um maior apoio financeiro para os países mais vulneráveis aos riscos dos impactos climáticos.
* As principais economias emergentes - como China, Índia e Brasil - mostraram flexibilidade e respaldaram a sua retórica política com avanços concretos em relação à redução de emissões de carbono. Os membros do Dialogo de Cartagena, um grupo de países em desenvolvimento e desenvolvidos com estratégias avançadas para a redução de carbono, também apresentaram formas de compromissos interessantes. Estes e outros países estão emergindo na liderança de um grupo que será crucial para o êxito em Durban, e para uma resposta global para as mudanças climáticas – dentro e fora da UNFCCC. Aproveitando o impulso de Cancun e das experiências de liderança, o avanço rumo a um tratado vinculante, justo e ambicioso deve ser agora o nosso objetivo.
* Ter um regime climático global é mais importante do que nunca, pois tempo precioso passou na urgente luta para combater as mudanças climáticas, sem que ações decisivas fossem tomadas em muitos países. Os incentivos “de cima” – como regulamentos e políticas públicas globais - são fundamentais para potencializar a ação “de baixo para cima”. Por isso, um processo multilateral que leve a um tratado climático global é tão importante, e por esta razão o sinal de vida que os negociadores enviaram de Cancun para o mundo é fundamental. Muitos deles mostraram o desejo de trabalhar juntos pelo bem comum, superando uma visão estreita e apenas de auto-interesse.
* É este espírito, combinado com o impulso que vemos fora das negociações oficiais, o que nos ajudará a ganhar a batalha por um mundo mais seguro para as futuras gerações. Um tratado climático ambicioso é possível, criando as condições para que as comunidades se desenvolvam de maneira sustentável, para que as economias realizem uma transição rumo a uma economia de baixo carbono e sustentável, e para que investidores e negócios realizem investimentos mais inteligentes, que respeitam o meio ambiente e as pessoas. O movimento climático está crescendo e se fortalecerá. E vai redobrar seus esforços para chegar a um acordo ambicioso, justo e vinculante.
* A sobrevivência dos povos, das espécies, dos ecossistemas e dos países ainda está sobre a mesa. Para garantir a vida, devemos manter o aquecimento global inferior a 1.5ºC. A trágica ironia é o informe divulgado pela NASA durante as últimas horas das negociações em Cancun, segundo o qual o ano de 2010 entrará na história como o mais quente de todos os tempos, desde que são feitos os registros. Se não queremos que os próximos anos sejam ainda mais quentes, devemos começar já a fechar a brecha entre as metas atuais de mitigação, e o que a ciência diz ser necessário. E temos que fazê-lo rapidamente.
http://www.tictactictac.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=472:tck-sobre-os-resultados-da-cop-16-cancun-11-de-dezembro-de-2010&catid=65:diario-tictactictac&Itemid=103
* Os resultados das negociações climáticas da CoP-16 em Cancun representam um grande impulso para a corrida rumo um futuro de baixo carbono. Os governos chegaram a um acordo que dá um espírito otimista ao mundo, e indica que as negociações internacionais podem chegar a acordos vinculantes, justos e ambiciosos para enfrentar as mudanças climáticas. Não aconteceu em Cancun, mas o resultado desta conferência cria uma base promissora para um sucesso na CoP-17, em Durban no ano que vem.
* Parece que finalmente os governos estão reagindo frente ao crescimento do movimento climático e às ações práticas de mais e mais pessoas que estão “colocando a mão na massa”, após o desânimo surgido como conseqüência da falta de resultados em Copenhague, na CoP-15. Os resultados de Cancun refletem os esforços de um grande número de países progressistas, comunidades, empresas e indivíduos em todo o mundo.
* Cancun não conseguiu levar o processo de negociação multilateral até o final. Em vez disso, devemos ainda continuar brigando. Mas a corrida rumo ao futuro já começou. Finalmente a pressão pública pela mudança começou a influenciar as ações políticas nas negociações internacionais. O nosso trabalho é acelerar ainda mais este ritmo, já que o acordo em Cancun deixa importantes perguntas na mesa e precisa ser fortalecido para representar uma resposta positiva com relação às mudanças climáticas.
* Cancun mostrou que a grande maioria dos países está pronta para se comprometer, e que muitos querem contribuir com uma resposta global ambiciosa com relação às mudanças climáticas, que possa ajudar na transição da economia global, gerando benefícios para todos. Graças a eles e à facilitação hábil da Presidência do México, um mandato claro e com substância para trabalhar entre hoje e Durban se tornou uma possibilidade concreta. A confiança entre as Partes para chegar a um acordo, que havia sido perdida em Copenhague, foi re-estabelecida.
* Muito mais é necessário e teria sido possível. Não se pode culpar pelo pouco avanço a UNFCCC (Convenção da ONU na qual se insere a CoP-16), mas sim um grupo de governos que criam obstáculos em qualquer fórum onde o tema é discutido. Países como Japão, Rússia e Estados Unidos mantêm pontos em relação aos quais rejeitam compromissos firmes. É o motivo pelo qual em Cancun não se chegou a um acordo sobre a redução mais profunda de emissões e a um maior apoio financeiro para os países mais vulneráveis aos riscos dos impactos climáticos.
* As principais economias emergentes - como China, Índia e Brasil - mostraram flexibilidade e respaldaram a sua retórica política com avanços concretos em relação à redução de emissões de carbono. Os membros do Dialogo de Cartagena, um grupo de países em desenvolvimento e desenvolvidos com estratégias avançadas para a redução de carbono, também apresentaram formas de compromissos interessantes. Estes e outros países estão emergindo na liderança de um grupo que será crucial para o êxito em Durban, e para uma resposta global para as mudanças climáticas – dentro e fora da UNFCCC. Aproveitando o impulso de Cancun e das experiências de liderança, o avanço rumo a um tratado vinculante, justo e ambicioso deve ser agora o nosso objetivo.
* Ter um regime climático global é mais importante do que nunca, pois tempo precioso passou na urgente luta para combater as mudanças climáticas, sem que ações decisivas fossem tomadas em muitos países. Os incentivos “de cima” – como regulamentos e políticas públicas globais - são fundamentais para potencializar a ação “de baixo para cima”. Por isso, um processo multilateral que leve a um tratado climático global é tão importante, e por esta razão o sinal de vida que os negociadores enviaram de Cancun para o mundo é fundamental. Muitos deles mostraram o desejo de trabalhar juntos pelo bem comum, superando uma visão estreita e apenas de auto-interesse.
* É este espírito, combinado com o impulso que vemos fora das negociações oficiais, o que nos ajudará a ganhar a batalha por um mundo mais seguro para as futuras gerações. Um tratado climático ambicioso é possível, criando as condições para que as comunidades se desenvolvam de maneira sustentável, para que as economias realizem uma transição rumo a uma economia de baixo carbono e sustentável, e para que investidores e negócios realizem investimentos mais inteligentes, que respeitam o meio ambiente e as pessoas. O movimento climático está crescendo e se fortalecerá. E vai redobrar seus esforços para chegar a um acordo ambicioso, justo e vinculante.
* A sobrevivência dos povos, das espécies, dos ecossistemas e dos países ainda está sobre a mesa. Para garantir a vida, devemos manter o aquecimento global inferior a 1.5ºC. A trágica ironia é o informe divulgado pela NASA durante as últimas horas das negociações em Cancun, segundo o qual o ano de 2010 entrará na história como o mais quente de todos os tempos, desde que são feitos os registros. Se não queremos que os próximos anos sejam ainda mais quentes, devemos começar já a fechar a brecha entre as metas atuais de mitigação, e o que a ciência diz ser necessário. E temos que fazê-lo rapidamente.
http://www.tictactictac.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=472:tck-sobre-os-resultados-da-cop-16-cancun-11-de-dezembro-de-2010&catid=65:diario-tictactictac&Itemid=103
Assinar:
Postagens (Atom)