PONTOS-CHAVE / PÓS-CANCUN
* Os resultados das negociações climáticas da CoP-16 em Cancun representam um grande impulso para a corrida rumo um futuro de baixo carbono. Os governos chegaram a um acordo que dá um espírito otimista ao mundo, e indica que as negociações internacionais podem chegar a acordos vinculantes, justos e ambiciosos para enfrentar as mudanças climáticas. Não aconteceu em Cancun, mas o resultado desta conferência cria uma base promissora para um sucesso na CoP-17, em Durban no ano que vem.
* Parece que finalmente os governos estão reagindo frente ao crescimento do movimento climático e às ações práticas de mais e mais pessoas que estão “colocando a mão na massa”, após o desânimo surgido como conseqüência da falta de resultados em Copenhague, na CoP-15. Os resultados de Cancun refletem os esforços de um grande número de países progressistas, comunidades, empresas e indivíduos em todo o mundo.
* Cancun não conseguiu levar o processo de negociação multilateral até o final. Em vez disso, devemos ainda continuar brigando. Mas a corrida rumo ao futuro já começou. Finalmente a pressão pública pela mudança começou a influenciar as ações políticas nas negociações internacionais. O nosso trabalho é acelerar ainda mais este ritmo, já que o acordo em Cancun deixa importantes perguntas na mesa e precisa ser fortalecido para representar uma resposta positiva com relação às mudanças climáticas.
* Cancun mostrou que a grande maioria dos países está pronta para se comprometer, e que muitos querem contribuir com uma resposta global ambiciosa com relação às mudanças climáticas, que possa ajudar na transição da economia global, gerando benefícios para todos. Graças a eles e à facilitação hábil da Presidência do México, um mandato claro e com substância para trabalhar entre hoje e Durban se tornou uma possibilidade concreta. A confiança entre as Partes para chegar a um acordo, que havia sido perdida em Copenhague, foi re-estabelecida.
* Muito mais é necessário e teria sido possível. Não se pode culpar pelo pouco avanço a UNFCCC (Convenção da ONU na qual se insere a CoP-16), mas sim um grupo de governos que criam obstáculos em qualquer fórum onde o tema é discutido. Países como Japão, Rússia e Estados Unidos mantêm pontos em relação aos quais rejeitam compromissos firmes. É o motivo pelo qual em Cancun não se chegou a um acordo sobre a redução mais profunda de emissões e a um maior apoio financeiro para os países mais vulneráveis aos riscos dos impactos climáticos.
* As principais economias emergentes - como China, Índia e Brasil - mostraram flexibilidade e respaldaram a sua retórica política com avanços concretos em relação à redução de emissões de carbono. Os membros do Dialogo de Cartagena, um grupo de países em desenvolvimento e desenvolvidos com estratégias avançadas para a redução de carbono, também apresentaram formas de compromissos interessantes. Estes e outros países estão emergindo na liderança de um grupo que será crucial para o êxito em Durban, e para uma resposta global para as mudanças climáticas – dentro e fora da UNFCCC. Aproveitando o impulso de Cancun e das experiências de liderança, o avanço rumo a um tratado vinculante, justo e ambicioso deve ser agora o nosso objetivo.
* Ter um regime climático global é mais importante do que nunca, pois tempo precioso passou na urgente luta para combater as mudanças climáticas, sem que ações decisivas fossem tomadas em muitos países. Os incentivos “de cima” – como regulamentos e políticas públicas globais - são fundamentais para potencializar a ação “de baixo para cima”. Por isso, um processo multilateral que leve a um tratado climático global é tão importante, e por esta razão o sinal de vida que os negociadores enviaram de Cancun para o mundo é fundamental. Muitos deles mostraram o desejo de trabalhar juntos pelo bem comum, superando uma visão estreita e apenas de auto-interesse.
* É este espírito, combinado com o impulso que vemos fora das negociações oficiais, o que nos ajudará a ganhar a batalha por um mundo mais seguro para as futuras gerações. Um tratado climático ambicioso é possível, criando as condições para que as comunidades se desenvolvam de maneira sustentável, para que as economias realizem uma transição rumo a uma economia de baixo carbono e sustentável, e para que investidores e negócios realizem investimentos mais inteligentes, que respeitam o meio ambiente e as pessoas. O movimento climático está crescendo e se fortalecerá. E vai redobrar seus esforços para chegar a um acordo ambicioso, justo e vinculante.
* A sobrevivência dos povos, das espécies, dos ecossistemas e dos países ainda está sobre a mesa. Para garantir a vida, devemos manter o aquecimento global inferior a 1.5ºC. A trágica ironia é o informe divulgado pela NASA durante as últimas horas das negociações em Cancun, segundo o qual o ano de 2010 entrará na história como o mais quente de todos os tempos, desde que são feitos os registros. Se não queremos que os próximos anos sejam ainda mais quentes, devemos começar já a fechar a brecha entre as metas atuais de mitigação, e o que a ciência diz ser necessário. E temos que fazê-lo rapidamente.
http://www.tictactictac.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=472:tck-sobre-os-resultados-da-cop-16-cancun-11-de-dezembro-de-2010&catid=65:diario-tictactictac&Itemid=103
domingo, 12 de dezembro de 2010
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